sexta-feira, 13 de maio de 2011

Qualidades de Orisa. Como ser possível?

Como já dito anteriormente, minhas postagens não têm, por enquanto, a intenção de trazer dados históricos ou mesmo fundamentos mantidos por muito tempo em segredo, pelos detentores do conhecimento. A intenção primordial, neste momento, é trazer à reflexão, todos aqueles que se dedicam arduamente ao culto à Orisa, demonstrando, simplesmente que é fundamental o constante questionamento sobre assuntos primários, mas que servem de base para todo o aprendizado futuro e sistemático de uma cultura transmitida pela oralidade.

Hoje, verificando algumas postagens em comunidades de candomblé, me deparei com a seguinte afirmação: " EM CASAS EM QUE SE CULTUAM QUALIDADES DE ORISA, EXISTE MAIOR QUANTIDADE DE FUNDAMENTOS".

Muito me espanta tal afirmação. Acredito ser do conhecimento da maioria das pessoas que o culto a Orisa é antes de tudo, culto à ancestralidade. E cada um dos Orisa possui a sua individualidade. Individualidade entendida como o fato de ser único. E como ser único, como falar em qualidades?

Alguns mais apressados poderiam falar que não se trata de qualidades, mas sim de caminhos... Mas aí me pergunto: como cultuar apenas um caminho? Como determinar que um Orisa (ser infinitamente superior a nós humanos) se apresente na vida de uma pessoa com apenas uma característica? Apenas para argumentar - já que não acredito ser possível iniciar uma pessoa a um culto de uma única característica de certo Orisa -  se em determinando momento da vida do iniciado ele precise de mais de uma característica de determinado Orisa, o que fazer? Seria necessária uma nova iniciação, em um outro caminho?

Acredito que grande confusão se fez pelo fato de que pessoas de diferentes regiões sempre cultuaram o mesmo Orisa, atribuindo a cada um deles, uma saudação diferente, um elemento a mais para presentear determinado ancestral, etc... o que fez com que simples observadores entendessem que eram diferentes Orisa (Exemplo: diferentes Ogun, etc...) e passassem a divulgar tal observação de cunho estritamente pessoal como sendo a verdade absoluta.

O grande problema hoje da disseminação do conhecimento se refere à estrutura de muitas casas de candomblé que compraram essa idéia equivocada e agora relutam em reconhecer o engano, pelo pavor de verem as suas estruturas abaladas.

É como sempre costumo dizer: a cultura de Orisa é simples e baseada na lógica e coerência. Foram as pessoas que, buscando explicar o que para eles não possuía explicação, passaram a inventar situações que com o passar do tempo acabaram por se solidificar.

E fácil constatar isso: pessoas hoje antigas de candomblé não possuem em suas identificações as qualidades de seus Orisa, não é? E por favor não venham com a explicação de que não falam a dita "qualidade" por ser segredo ou por medo de magia alheia...

Lembrem-se: Orisa é lógica. Orisa é coerência. Orisa é conhecimento. Orisa é sabedoria.

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